BPC: nova proposta quer ampliar benefício do INSS

O BPC é um auxílio essencial para muitas famílias de baixa renda.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está discutindo uma proposta que pode mudar os critérios de avaliação para pessoas com deficiência, facilitando o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). O BPC é um auxílio essencial para muitas famílias de baixa renda e tem sido uma das despesas que mais crescem nos últimos meses, chamando a atenção da equipe econômica do governo.

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BPC: nova proposta quer ampliar benefício do INSS

O que é o BPC?

O BPC (Benefício de Prestação Continuada) é um benefício assistencial que garante um salário mínimo mensal para idosos acima de 65 anos e pessoas com deficiência de qualquer idade que comprovem não possuir meios de prover sua própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. É um direito previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).

Proposta de flexibilização

A proposta de flexibilização foi desenvolvida pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e prevê a criação do Sistema Nacional de Avaliação Unificada da Deficiência. Este novo modelo seria usado para certificar cidadãos como pessoas com deficiência, o que lhes daria direito a benefícios como isenções no Imposto de Renda e acesso ao BPC.

Novos critérios de avaliação

A nova avaliação consideraria não só aspectos físicos e psicológicos, mas também sociais e ambientais. Seria usado o Instrumento de Funcionalidade Brasileiro Modificado (IFBrM), que mede a capacidade da pessoa de realizar atividades e as barreiras enfrentadas, considerando fatores como:

  • Produtos e tecnologias
  • Condições de habitação
  • Mudanças ambientais
  • Apoio e relacionamentos
  • Atitudes de pessoas externas (como preconceito e discriminação)
  • Acesso a serviços e políticas públicas

Desafios e divergências

Apesar da boa intenção, há divergências dentro do próprio governo. Ministérios focados na revisão de gastos públicos estão preocupados com o impacto financeiro dessa medida. Estima-se que, com a flexibilização dos critérios, o número de beneficiários do BPC possa aumentar ainda mais, pressionando as contas públicas.

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) anunciou recentemente um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas com benefícios sociais para 2025, incluindo o BPC, que passará por um pente-fino. Há também uma preocupação de que a avaliação feita por agentes de saúde municipais possa aumentar a subjetividade do processo, resultando em mais concessões.

Como funciona hoje

Atualmente, a avaliação das pessoas com deficiência que solicitam o BPC é feita apenas por peritos da Previdência Social. A nova proposta sugere que essa avaliação seja feita por equipes multiprofissionais da Previdência Social e da saúde, distribuídas em todo o território nacional.

Impacto financeiro

Ainda não foram apresentadas estimativas de impacto financeiro dessa mudança. O governo precisa encontrar um equilíbrio entre garantir o direito dos cidadãos e manter a sustentabilidade financeira do programa. No entanto, técnicos do governo defendem que uma avaliação mais abrangente e justa poderia, inclusive, levar a uma melhor gestão dos recursos.

Crescimento do BPC

As concessões do BPC cresceram significativamente desde o segundo semestre de 2022. Atualmente, o programa tem quase 6 milhões de beneficiários, com despesas previstas de R$ 105,1 bilhões para este ano. Vários fatores contribuíram para esse aumento, incluindo mudanças na Lei Orgânica de Assistência Social (Loas) e simplificações no processo de avaliação social.