Revisão da Vida Toda do INSS: quais aposentados serão afetados?

O Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a julgar o tema.

O Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a julgar um tema importante para muitos aposentados do Brasil. A discussão envolve aqueles que começaram a contribuir para o INSS antes de 1994, mas se aposentaram apenas após a reforma da Previdência de 1999, no governo de Fernando Henrique Cardoso. O julgamento mais recente, ocorrido na sexta-feira, 20 de setembro de 2024, resultou na rejeição de recursos que pediam a possibilidade de aplicar a chamada “revisão da vida toda”.

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Revisão da Vida Toda do INSS: quais aposentados serão afetados? – Foto: Gustavo Roth/Folha Imagem/Dedoc

O que é a Revisão da Vida Toda?

A revisão da vida toda é uma possibilidade de recalcular os benefícios de aposentados que contribuíram antes da implantação do Plano Real, em julho de 1994. Esses aposentados querem a chance de optar entre a regra de transição e a regra definitiva, levando em consideração todos os seus salários, incluindo os anteriores ao Plano Real.

Atualmente, o cálculo da aposentadoria dessas pessoas desconsidera os salários recebidos antes de 1994, o que, segundo os aposentados, gera prejuízos. A revisão permitiria que eles escolhessem a regra mais vantajosa, contabilizando os salários de toda a vida.

Quem é impactado?

Três grupos de aposentados são afetados pelas regras da Previdência:

  1. Aposentados até 1999: Para quem se aposentou até 28 de novembro de 1999, nada muda. Esse grupo já teve suas aposentadorias calculadas de acordo com as regras antigas, antes da reforma.
  2. Contribuintes após 1999: Quem começou a contribuir após 29 de novembro de 1999 está sujeito à regra definitiva, que contabiliza os 80% maiores salários de toda a vida. Esses aposentados também não são afetados pelo julgamento atual.
  3. Aposentados na regra de transição: Esse é o grupo impactado pelo julgamento. São aqueles que começaram a contribuir antes de 1994, mas só se aposentaram após a reforma de 1999. Para esses trabalhadores, o cálculo da aposentadoria exclui os salários anteriores a julho de 1994.

A Decisão do STF

O STF já tinha decidido em dezembro de 2022 que os aposentados poderiam escolher entre a regra de transição ou a regra definitiva, dependendo do que fosse mais vantajoso. No entanto, em março de 2024, essa decisão foi anulada por questões processuais. E agora, em setembro de 2024, o tribunal formou nova maioria para rejeitar os recursos que tentavam restabelecer essa escolha.

O argumento principal contra a revisão é o impacto financeiro que ela poderia causar. Segundo o governo, a mudança poderia gerar um custo de até R$ 480 bilhões para os cofres públicos. No entanto, especialistas defendem que o impacto seria bem menor, entre R$ 1,5 bilhão e R$ 3,1 bilhões.

Guerra de Números

A Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) e o Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev), que apresentaram os recursos, questionaram os números do governo e argumentaram que o impacto financeiro seria muito menor do que o alegado.

Por outro lado, a Advocacia-Geral da União (AGU) se posicionou contra os recursos, defendendo que a decisão de 2022 ainda não havia se consolidado juridicamente. Além disso, um estudo recente apontou que o custo da revisão seria de R$ 70 bilhões, e não os R$ 480 bilhões inicialmente estimados.

O que acontece agora?

O placar da votação no STF está em 7 votos a 1 pela rejeição dos recursos. O único voto favorável foi do ministro Alexandre de Moraes, que argumentou que o STF já havia decidido a favor da revisão da vida toda em 2022. O julgamento segue até o dia 27 de setembro, e até lá, outros ministros ainda podem mudar seus votos.